sábado, 27 de agosto de 2011

Finalizando a crítica a Elias Saliba


No post anterior, argumentei que a crítica do historiador Elias T. Saliba ao Guia politicamente incorreto da história do Brasil é desonesta, entre outros motivos, por sugerir que o livro alimenta “teorias conspiratórias” quando, na verdade, é a historiografia criticada por essa obra que procede assim. Não vou retomar esse assunto, mas vale a pena indicar um texto recente de Leandro Narloch que comprova o que escrevi naquele post: Quem disse que sou contra Zumbi?

Agora, vou apontar uma segunda crítica, ainda mais desonesta que a primeira, feita por Saliba ao livro: “[...] uma fonte bastante citada por Narloch é um autor muito conhecido que atende pelo nome de 'www'. A internet – ela mesma – se transformou numa fonte histórica, o que é bom: o problema é que a maioria dos sites faz um trabalho muito ruim no sentido de documentar suas informações”.


O primeiro problema com essa fala está em usar a palavra “bastante”, que é muito vaga, para sugerir que as conclusões do livro se apoiam excessivamente em informações da internet, o que é mentira. O segundo problema é usar uma avaliação pessoal sobre a má qualidade da maioria dos sites sem nem citar exemplos para provar que tal avaliação é pertinente também para os sites consultados pelo autor.

Ora, a sugestão inicial é mentirosa porque a bibliografia do livro é composta assim:
  • 91 livros e dissertações
  • 45 artigos, sendo 15 acadêmicos (revistas científicas e Anais de eventos)
  • 18 sites
Portanto, o que predomina com folga são as fontes acadêmicas, e isso mesmo sem levar em conta que parte dos artigos de jornal citados foram escritos por pesquisadores conhecidos. Com relação aos sites, é muito fácil verificar que, além de minoritários, fornecem informações provenientes de fontes acadêmicas ou dados estatísticos oficiais. Exemplos disso são as instituições abaixo, cujos sites são citados por Narloch :
  • Cambodian Genocide Program, Universidade de Yale
  • Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil – CPDOC, da FGV
  • Portal do Orçamento Federal
  • Receita Federal
  • Smithsonian Institution Archives
  • Smithsonian National Air and Space Museum
  • Wilbur and Orville Wright Papers, Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos
Será que o Saliba leu o livro? Na verdade, pouco importa, pois quem defende a historiografia dominante sempre vê suas palavras serem bem recebidas pela maior parte dos historiadores, não importando o conteúdo delas. Para que caprichar nos argumentos?

OBS.: Publicado originalmente em 03 de maio de 2011 no site Geografia em Debate.

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