sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Augusto Nunes de ótimo mau humor

Em 1990, o jornalista Ruy Castro publicou um livro delicioso e de muito sucesso, intitulado O melhor do mau humor. Trata-se de uma "antologia de citações venenosas" que criticam tudo e todos com ironia e elegância. E, como ele próprio avisa na introdução, o mau humor a que se refere o livro costuma ser confundido com rabugice, pois serve para expressar "aquele justo sentimento de indignação que se apossa de nós quando alguém nos pisa nos calos emocionais ou intelectuais".

Folheando o livro nesta manhã, pensei que, se me pedissem para indicar alguém com talento para produzir pérolas de mau humor, o primeiro nome que me viria à mente é o do jornalista Augusto Nunes. Escreve muito bem, sempre dá nome aos bois, não usa meias palavras e ainda esbanja seu ótimo mau humor para criticar a vida política brasileira.

É o que se vê, por exemplo, no prêmio Homem Sem Visão, em que os leitores do seu blog podem votar no pior político do mês e do ano. Essa seção do blog já rende muitas pérolas do melhor mau humor, mas os artigos não ficam atrás. Aqui vai uma pequena amostra de citações recentes desse autor que mereceriam entrar em qualquer antologia cheia de veneno.
  • "Sempre que Tarso Genro tem uma ideia, convém trancá-lo no banheiro e esperar que passe".
  • "Pero Vaz de Caminha tinha razão: no Brasil, em se plantando, tudo dá. Até ladrão que rouba com o patrocínio do governo e acusa o assaltado". Sobre os atos de depredação e roubo praticados pelo MST numa fazenda da Cutrale.
  • "Até janeiro de 2003, o procurador Luiz Francisco Fernandes de Souza encontrava um pecador por semana. Desde o dia da posse do companheiro Lula, não enxergou mais nenhum. Aos 49 anos, faz oito e meio que anda sumido do noticiário político-policial que frequentou com assiduidade e entusiasmo enquanto Fernando Henrique Cardoso foi presidente. Continua solteiro, mora na casa dos pais, pilota o mesmo fusca-85, enfia-se em ternos amarfanhados que imploram por tinturarias e não usa gravata. A fachada é a mesma. O que mudou foi a produtividade".
  • "Em 1968, José Dirceu conseguiu namorar a única espiã da ditadura militar. Se quisesse prendê-lo, a polícia poderia dispensar-se de arrombar a porta: Heloísa Helena, a 'Maçã Dourada', faria a gentileza de abri-la. Ainda convalescia do fiasco amoroso quando resolveu que o congresso clandestino da UNE, com mais de mil participantes, seria realizado em Ibiúna, com menos de 10.000 moradores. Até os cegos do lugarejo enxergaram a procissão de forasteiros".
  • "Nomeado capitão do time do Planalto, [José Dirceu] mandou e desmandou até a explosão do escândalo protagonizado por Valdomiro Diniz, o amigo vigarista com quem dividira um apartamento em Brasília. E então o país descobriu que o herói de Passa Quatro transformara um extorsionário trapalhão em Assessor para Assuntos Parlamentares. Atirado à planície pelo escândalo do mensalão, conseguiu ser cassado por uma Câmara dos Deputados que não pune sequer os integrantes da bancada do PCC". 

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