quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Professores da FFLCH-USP querem que o campus seja território de corporações

A Congregação da FFLCH-USP, no pronunciamento público em que faz média com o bando que invadiu o prédio da administração dessa faculdade, revela o modo de pensar autoritário e politicamente manhoso de nossa intelectualidade. Já comentei o pacifismo hipócrita do pronunciamento no post anterior, então vou destacar uma passagem que, obliquamente, mostra o pendor autoritário dos seus autores.
A Congregação reconhece que os termos do convênio firmado entre a USP e a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo são vagos, imprecisos e não preenchem as expectativas da comunidade uspiana por segurança adequada. Reconhece igualmente que a intervenção da Polícia Militar extrapolou os propósitos originalmente concebidos com o convênio.
Então quer dizer que a detenção de três alunos por porte de drogas significa extrapolar os propósitos do convênio? Ora, o policiamento feito no interior do campus não pode ter objetivos diferentes daquele realizado no resto do país. Essas afirmações deixam claro que a Congregação da FFLCH quer que a USP seja um território diferenciado, no qual algumas leis nacionais valem, mas outras não! Esclarece também que, para os luminares que redigiram e assinaram o pronunciamento, a reitoria é quem deve decidir quais leis valem e quais não valem dentro do campus, já que propõem usar o convênio para detalhar e limitar a atuação da polícia naquele espaço. Para eles, os poderes legislativo, executivo e judiciário, constituídos para representar a sociedade brasileira (aquela que custeia a USP) devem se subordinar aos interesses das corporações profissionais e estudantis que têm poder de pressão política sobre a reitoria. Mesmo que seja o interesse de consumir e vender drogas livremente... 

Repito que tenho simpatia pela proposta de regulamentar o uso de certos tipos de drogas, como a maconha, cujos danos à saúde pública não me parecem tão graves a ponto de justificar uma política repressiva. Mas daí a usar uma retórica hipocritamente pacifista para apoiar funcionários e alunos que agridem policiais e depredam patrimônio público, e ainda querer transformar o campus em território de corporações, vai uma distância imensa! 

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