quarta-feira, 30 de maio de 2012

Estudiosos da infância parece que também não estão nem aí para o trabalho infantil na agricultura "camponesa"

No post anterior eu comentei que, embora haja 909 mil menores de quatorze anos trabalhando na agricultura familiar, conforme dados oficiais, os políticos, a imprensa e os pesquisadores do agro silenciam covardemente sobre o assunto, muitíssimo ao contrário do que fariam se o problema existisse no agronegócio. E, ao que parece, os cientistas sociais que se dedicam a estudar a infância e juventude à luz dos valores da democracia, dos direitos humanos e da cidadania também preferem ignorar o tema. Pelo menos é isso o que sugere a programação do evento Perspectivas epistemológicas y metodológicas de la investigación en infancias y juventudes en América Latina, cuja programação completa está aqui.



Quando examinamos essa programação, vemos que não há nenhuma mesa-redonda específica para tratar da exploração do trabalho infantil na agricultura familiar. É estranho, pois, se só o Brasil tem 909 mil crianças nessa situação, imagine-se o conjunto da América Latina e Caribe!

Podemos então supor que esse problema será tratado em mesas como Una política social para la América Latina actual: ciudadanía y derechos? Acho impossível. Um dos membros dessa mesa é Emir Sader, sociólogo esquerdista que é figurinha carimbada nas páginas da Folha de São Paulo, de publicações esquerdistas menores e também daquelas que dependem de patrocínio de estatais do governo federal. Esse sujeito jamais discutiria um problema que põe abaixo a dicotomia agronegócio/agricultura familiar, que é essencial nos discursos dos movimentos de "luta pela terra", partidos de esquerda mais radicais e autores como ele.

Realmente, basta olhar para os títulos das mesas e os nomes das pessoas que participarão do evento para ver que o problema do trabalho infantil, quando abordado, será sempre de uma perspectiva crítica do capitalismo, do neoliberalismo, e assim por diante. Enquanto eles ficam acusando os falsos culpados de sempre, centenas de milhares de filhos de agricultores familiares vão continuar trabalhando, em desrespeito à lei vigente. É muita hipocrisia!

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