sexta-feira, 8 de junho de 2012

Adesão dos alunos de Geografia Econômica à greve foi de uns 75%

Comentei num post anterior que não estou em greve e que iria aplicar prova na segunda e na quarta passadas. Ao todo, fizeram prova 24 alunos na segunda à noite e 5 na quarta de manhã, sendo que, destes últimos, 2 eram alunos do noturno que não haviam podido comparecer na segunda. Portanto, a adesão dos alunos da noite à greve foi de uns 50%, enquanto os alunos da manhã aderiram quase totalmente.


Uma coisa que me chamou atenção ao conversar com os alunos da noite, pouco antes de aplicar a prova, é que alguns deles ficavam em dúvida sobre fazê-la ou não por conta de se sentirem inseguros quanto ao resultado que conseguiriam alcançar. Eu sugeri fazer logo, pois a revisão da matéria havia ocorrido na aula da semana anterior, de sorte que o conteúdo devia estar fresco na memória, e que dificilmente eles teriam ânimo para estudar mais durante a greve. Não sei dizer quantos estavam com essa dúvida, mas ficou bem claro  que a adesão à greves nem sempre se deve ao objetivo de "lutar" por ensino de qualidade, mas sim a objetivos mais prosaicos. É por essas e outras que eu achei melhor fazer um arranjo informal com os alunos do que supor que as assembleias de estudantes são representativas como dizem ser; afinal, cerca de um quarto dos meus alunos quis fazer prova logo, e nem todos que deixaram isso para depois da greve o fizeram por razões políticas.

E vale acrescentar que mesmo entre os alunos para os quais a greve é uma estratégia de "luta pela universidade pública" impera uma concepção de ensino que, por dar pouca ou nenhuma atenção à necessidade de premiar o mérito (e isso quando não se trata realmente de aversão a essa ideia), acaba por conduzi-los sempre à mesma conclusão dos sindicatos de funcionários e professores: tudo se resolve gastando mais com salários, infraestrutura, bolsas e assim por diante. Mas noutra hora eu trato disso.

7 comentários:

  1. Pois é professor, eles dizem que aderem a greve, mas nas ultimas assembleias promovidas pelo CAGEO, nunca chegamos a mais de 20 pessoas por reunião, sendo que só o primeiro ano (manhã e noite) contém quase 70 alunos. Tá na hora das pessoas serem menos hipócritas e admitirem que não quiseram fazer a prova porque não tinham estudado do que mentirem que se interessam por algum tipo de política.

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    1. Esse comentário mostra que há pouca participação de estudantes nas instâncias que deveriam representá-los mesmo quando se trata de um único curso. O que dizer da representação dos milhares de alunos de uma universidade ou de centenas de milhares de alunos de várias universidades?

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  2. O senhor tocou num outro ponto fundamental: os próprios integrantes do CAGEO afirmam que muitas vezes instituições como a UNE, DCE, UBES, etc. não representam os interesses dos estudantes. Como querem nos fazer crer que eles vão representar, sendo que eles não reconhecem as instituições que na teoria os representam numa escala nacional?

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    1. Talvez os Centros Acadêmicos possam atingir maior representatividade se derem maior destaque às questões acadêmicas e profissionalizantes e se começarem a protestar publicamente contra o sistema de eleições indiretas para a presidência da UNE e a absoluta falta de transparência na execução do orçamento dessa entidade. Veja a respeito o que saiu estes dias sobre a UNE no Blog do Reinaldo Azevedo. É um vexame!

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  3. Não entrando no mérito se seus alunos fizeram ou não a prova por conta de realmente aderirem a greve, acredito que é válido destacar um ponto muito importante: qual o motivo de uma assembléia (instância maxima da representação estudantil) não ser representativa? Qual o motivo de uma assembleia de geografia não ter um quorum de 20 pessoas?? Que me desculpem os revolucionarios de computador (que resolveram pipocar ultimamente em todos os lugares) mas a culpa não é do centro academico, muito menos dos assuntos ali tratados, a culpa é do DESINTERESSE dos estudantes... Pode apostar (depois de tempos num centro academico) vejo que se hoje discutissimos o Mercado de trabalho ou o Curriculo (como está sendo feita a avaliação na UFPR) pouquissimos estudantes ainda apareceriam nas assembleias e reuniões... E que conclusão podemos tirar com isto? O problema não são as discussões travadas (pq curriculo é uma coisa q interessa a todos nao é?) o problema nao sao os horarios das assembleias (que procuram ser feitas no turno da noite pra contemplar qm trabalha), o problema senhores são as pessoas que não tem coragem de assumir um posicionamento nestes espaços "burocraticos", o problema é o desinteresse geral por debater e discutir, o problema é esta extensa crítica que se faz a todo e qualquer um que queira construir algo diferente. Aos contrarios a greve MANIFESTEM-SE, mas nao pelo computador, por mais q esta possa ser uma maneira democrática de se expor opiniões, ainda não é o meio deliberativo e ainda não substitui um confronto e debate direto de ideias (um debate saudavel logicamente)... Aos que acreditam que o C.A. não os representa, disputem uma chapa, assumam uma postura de oposição, mas não reclamem simplesmente por reclamar, sem nem ao menos buscar uma solução para os problemas apresentados... Em outras palavras, apareçam, opinem, pois um c.a. não é prestação de serviços, ele é reflexo das pessoas que o constroem!!
    Outra coisa, não acreditar na UPE ou UNE (como num outro comentario feito) não significa que não acredita-se na representatividade, mas infelizmente significa dizer que estas instituições no momento NAO representam os estudantes pois estao cooptadas pelo governo, não é um erro falar isto, erro seria se ignorassemos este fato e continuassemos a nao questiona-la
    Por fim, como estudante de geografia, como participante destas discussões, só resta-me continuar a participar destes espaços, pois eles me representam sim... E me representam pq eu estou la pra expressar minha opinião, é facil falar que é contra e continuar em casa, é simples falar que tudo esta sendo feito de forma errada e não procurar uma solução, é facil fechar os olhos diante de problemas e continuar numa vida mansa e egoista, onde só se pensa em si mesmo e em como será sua nota no fim do semestre... Dificil é equilibrar tudo isto, dificil é abstrair um pouco o 'eu' e lutar por um 'nós', dificil e continuar a lutar por melhorias pra todos e colocar a cara pra bater em defesa de pessoas que te criticam dia e noite.... Dificil é sair do estado de conforto (que é atras de um computador) e realmente assumir uma postura diante de todos... Isto é dificil, isto é o raro, e é isto que as pessoas que participam destes espaços tem feito...

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  4. Primeiramente, boa noite Professor, e ao nosso companheiro anônimo;

    Bom, não sabia do fato ocorrido, pensei que todos tivessem feito a prova, pois como foi ressaltado, os espaços como reuniões e assembleias estavam vazios, sendo assim, infelizmente, grande parte dos alunos que não fez a prova realmente não teve motivos políticos.

    Sobre o ponto que trouxe o companheiro anônimo, eu, como membro do CAGEO, não me lembro de outros membros da gestão dizendo que essas instituições não representam os estudantes; sobre o DCE, por exemplo, há algumas semanas houve o Congresso de Estudantes da UFPR, onde foram tiradas as diretrizes seguidas pelo DCE e passamos de sala em sala explicando como funcionava o Congresso. Sobre UNE e UBES, não negamos sua representatividade, mas sabemos como funcionam. Isso precisa ser mudado, mas a reforma deve vir de baixo, se ainda temos problemas no nosso pequeno núcleo do Centro Acadêmico, devemos consertar primeiro está ao nosso alcance.

    Sobre a representatividade do Centro Acadêmico, realmente é um problema. Na última reunião de gestão eu mesmo levantei esse questionamento. O CAGEO é a instância representativa dos estudantes de Geografia, mas quem estamos representando se nossos representados não tem contato conosco? Se os espaços continuam sempre vazios? É necessário que exista uma aproximação com os alunos do curso sim, mas também precisamos da presença dos estudantes ajudando a construir, dando a voz, se colocando a favor ou contra os posicionamentos tomados. No entanto, existe ai também um problema de interesse das pessoas em frequentarem esses espaços. Sabemos que é burocrático e tudo mais, mas infelizmente, esses são os espaços que temos para tomar as decisões e com uma maior participação, as discussões seriam melhores e as decisões construídas de uma maneira melhor.

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  5. Negam a representatividade da UNE e UBES sim, tanto que em protestos vocês cansam de carregar faixas como "UBES/UNE não nos representa". Digo isso por ter participado de algumas manifestações, inclusive este ano.

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