sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Sucesso da política paulista de segurança mascara o fracasso nacional nessa área

Elaborei o gráfico abaixo para mostrar o profundo contraste entre o sucesso da política de segurança pública paulista, expresso na vertiginosa queda das taxas de homicídio em São Paulo, e a estabilização dessas taxas no conjunto do país:



terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Agronegócio e Shopping Centers na visão anacrônica da esquerda

Dois momentos interligados dentro dos processos de hegemonização das visões da esquerda intelectual e política no Brasil são: a) a construção de teorias que qualificam uma mudança conjuntural ou uma fase dentro de um processo mais longo como se fosse um elemento permanente dentro da "lógica do capitalismo", especialmente em sua forma "periférica"; b) a repetição dessas explicações apressadas década após década, sedimentando-as no senso comum mesmo quando as transformações da economia e da sociedade já provaram seu completo desacerto. Dois segmentos de atividade particularmente vitimados por esse congelamento de visões anacrônicas são o agronegócio e os shopping centers.

sábado, 25 de janeiro de 2014

"O Aleph" trai o vínculo entre a geocrítica e a geografia tradicional

O livro Geografias pós-modernas, de Edward Soja (1993), começa com uma citação do conto fantástico O Aleph, a qual descreve um ponto no espaço onde todos os lugares estão contidos e se fazem visíveis de todos os ângulos ao mesmo tempo. É uma bonita maneira de começar um livro, pois esse conto é a mais famosa e, sem dúvida alguma, uma das mais ricas e imaginativas criações de Jorge Luis Borges. Vou reproduzir as mesmas passagens citadas por Soja, mas usando o meu próprio exemplar traduzido do livro de Borges:

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

"Rolezinhos": Reynaldo Rocha mostra estilo nazista do lulopetismo

O jornalista Reynaldo Rocha publicou um artigo sobre os "rolezinhos" que eu assinaria em baixo, por três motivos:
  • Ele escreve que "Gilberto Carvalho é o Joseph Goebbles do lulopetismo", já que idênticos no uso da mentira como arma essencial da política partidária.
  • Mostra, embora sem explicitar a comparação, que a "análise sociológica" de Carvalho sobre os "rolezinhos" é tão ridícula e preconceituosa quanto aquela construída por intelectuais petistas como Maria Rita Kehl.
  • Por fim, ele demonstra que, como já não faz sentido querer dividir a sociedade entre os que compram e os que não compram em shoppings, resta à esquerda mentir sobre discriminação racial em estabelecimentos onde isso nunca existiu para simular um confronto entre "nós" e "eles". E investir em falsas oposições também é tipicamente nazi-fascista, acrescento eu.

domingo, 19 de janeiro de 2014

"Rolezinhos" provam sociologicamente que os shoppings são inclusivos, algo que a geografia também demonstra

É possível distinguir três fases dentro da trajetória de expansão dos shopping centers, no Brasil: a primeira, que vai de 1966 a 1970, é uma fase de instalação e experiência; a segunda é aquela em que ocorre a consolidação desse tipo de estabelecimento no país (embora seu número tenha continuado pouco expressivo) e se estende de 1971 a 1979; a última fase é a da expansão com desconcentração espacial do número de shopping centers, a qual começa em 1980 e prossegue nas décadas seguintes (Gil, 2003; Araújo; Bessa; Diniz Filho, 1992, p. 135). Fenômeno semelhante ocorre com os supermercados brasileiros, cuja implantação se dá nos anos 1950, mas que ainda se distribuíam de forma muito concentrada até meados dos anos 1970, difundindo-se espacialmente nas décadas seguintes (Diniz Filho, 1995).

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Gasto social crescente derruba as teses da esquerda intelectual e política

Em trabalhos de Maria da Conceição Tavares, de Milton Santos, de Marcelo Lopes de Souza e de outros intelectuais de esquerda, repete-se o mantra de que a pobreza e a desigualdade brasileiras têm origem em desequilíbrios ou contradições estruturais do capitalismo periférico ou semi-periférico, bem como na resistência das "elites" insensíveis a mudar esse modelo econômico de um modo tal que permitisse aplicar mais recursos em política social. Uma prova de que esse diagnóstico estaria correto - embora nem todos eles se preocupem em provar o que dizem... - seria a péssima qualidade dos nossos serviços públicos em contraste com os gastos do Estado com o pagamento dos juros das dívidas externa e interna, já que estes restringiriam o potencial de investimento e de gasto social do Estado brasileiro. 

sábado, 11 de janeiro de 2014

Pior lixo do History Channel não foi alvo de South Park

Em 2011, a série de animação South Park - que eu aprecio muitíssimo - fez uma gozação merecida com o History Channel. Os garotos da série precisavam fazer um trabalho escolar sobre o Dia de Ação de Graças e, por sugestão do Cartman (só podia ser dele!), viram um documentário desse canal. O programa afirmava ter havido alienígenas presentes no almoço em que teria sido selada a paz entre colonizadores e nativos, posto que, não havendo registros históricos de que se preparassem perus com recheio antes dessa ocasião, tal tecnologia só podia ter vindo do espaço... Como disse o Kyle, "isso não é história"!

O mais triste, porém, é constatar que os piores programas do History Channel não são aquelas brincadeiras sobre alienígenas do passado, e sim os documentários da série Humanidade: a história de todos nós. Tecnicamente, essa série é fantástica. E a maioria dos episódios parece estar baseada em informações históricas fidedignas e que permitem traçar relações muito interessantes entre acontecimentos da história. Contudo, os episódios da série que tratam da colonização das Américas são um lixo mistificador tão grotesco que os roteiros conseguem ser piores do que os escritos de Eduardo Galeano!

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Quando o PT confirmou que foi bom vender a Vale do Rio Doce

Há décadas que professores de ensino médio e fundamental transformam a agenda política do PT e os discursos político-eleitorais desse partido em conteúdo didático ministrado nas salas de aula - e o mesmo acontece com autores de livros didáticos, tais como José W. Vesentini. Não bastasse isso, esses professores usam uma visão de ideologia inspirada no marxismo para desqualificar a imprensa independente, de tal sorte que publicações como Veja, O Estado de São Paulo e qualquer outro jornal, revista ou site que publique notícias inconvenientes para o partido - como as referentes ao "mensalão", por exemplo - são automaticamente acusadas de "direitistas" e de mentirosas pelos professores (Diniz Filho, 2013).

Se já é antiético e antirrepublicano transformar propaganda partidária em conteúdo escolar, muito pior ainda é constatar que a propaganda petista se constitui de mentiras que não só afrontam os fatos como ainda contradizem a prática política do próprio PT. Um bom exemplo disso são as políticas de privatização de empresas estatais e de concessão de serviços públicos à iniciativa privada. Sabendo das mentiras que os professores contam para os alunos sobre esse tema no ensino médio, eu apresento uma visão alternativa nas minhas aulas de Geografia do Brasil. A transferência do controle acionário da Companhia Vale do Rio Doce - CVRD, ocorrida em 1997, é um dos casos que eu cito.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Vem livro novo por aí!

Publiquei muito pouco por aqui no último mês devido a lesões musculares que me obrigaram a reduzir o tempo que passo diante do micro, mas administrei meu tempo de modo a continuar trabalhando no blog.
 
Ocorre que eu e mais dois geógrafos que remam contra a maré, Anselmo Heidrich e Fernando Raphael Ferro de Lima, estamos organizando uma coletânea de nossos textos com vistas a publica-los em livro ainda neste ano. Assim, selecionei diversos textos do blog, fundi vários deles em artigos maiores, acrescentei alguns dados e bibliografia e também mudei o estilo da redação - blogs são mais informais do que livros.