segunda-feira, 30 de junho de 2014

Roberto Romano: até astrologia pode ser ciência institucionalizada

Ao analisar o parecer que deu origem ao movimento de intelectuais de esquerda para aparelhar a Capes, eu comentei que a avaliação sumária feita pelo(a) parecerista de que o marxismo não é científico acaba sendo fragilizada pelo fato de que o marxismo já está institucionalizado. Como eu não queria me estender demais naquele texto, deixei de acrescentar que a fragilidade mencionada não está na falta de boas razões para sustentar a avaliação, mas no simples argumento de autoridade. 

De fato, dizer que o método dialético é científico por causa da presença de professores e pesquisadores marxistas em universidades do mundo todo é um argumento válido do ponto de vista institucional, mas, em termos científicos, não quer dizer muita coisa. Afinal, seguindo-se essa linha de raciocínio, basta que a astrologia seja institucionalizada nas universidades para que sua cientificidade seja inatacável, não é mesmo?

Karl Popper já demonstrou que é perfeitamente razoável argumentar que o marxismo se aproxima mais da astrologia e dos mitos do que da ciência. E o filósofo Roberto Romano nos mostra que dinheiro público já está sendo desperdiçado em "pesquisas" astrológicas, como se lê no texto abaixo. Em breve, os astrólogos vão copiar a tática de aparelhamento dos marxistas: vão pressionar de modo que a Capes selecione astrólogos para dar parecer sobre projetos de "pesquisas" astrológicas...

Boa leitura!

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Karl Popper: a diferença entre Einstein, Marx e Freud

Ao contrário do que os marxistas berram (ver aqui), a cientificidade do método e das teorias marxistas é questionável à luz de argumentos epistemológicos perfeitamente racionais, de modo que contestar a capacidade dos pesquisadores marxistas produzirem ciência nada tem a ver com opinião subjetiva e, muito menos, com perseguição ideológica. Para provar isso, vou reproduzir algumas passagens de um texto de Karl R. Popper, um dos maiores filósofos do século XX, no qual se apresentam razões para concluir que nem a teoria marxista da história e nem as teorias da psicanálise são científicas.

O texto se baseia numa conferência realizada pelo autor em Cambridge, no ano de 1953, durante um curso sobre a filosofia inglesa da época. Tomei por base uma tradução do texto feita pela Editora da UnB (*), mas fiz algumas alterações ao cotejar essa edição em português com o texto original. Os itálicos abaixo são todos de Popper.

Boa leitura!

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Caso Capes: a hipocrisia dos pesquisadores marxistas

Recentemente, pesquisadores marxistas e de outras vertentes da teoria social crítica começaram um movimento político de revolta motivado pela resposta negativa da Capes a uma solicitação de recursos para um projeto coletivo de pesquisa intitulado "Crise do Capital e Fundo Público: implicações para o trabalho, os direitos e as políticas sociais". O pedido de financiamento foi negado sob a justificativa de que havia muitos projetos bons requisitando recursos e também a de que os proponentes desse projeto já tinham sido beneficiados pouco tempo antes com recursos do mesmo edital da Capes. Todavia, como o parecer sobre o projeto de pesquisa atribuiu-lhe uma nota baixa alegando que o "método marxista histórico-dialético [...] não garante os requisitos necessários para que se alcance os objetivos do método científico", marxistas e outros teóricos socialistas dos quatro cantos do Brasil se mobilizaram com o objetivo de pressionar a Capes a rever seus critérios e procedimentos (ver aqui).

Eu li o referido parecer, e o considero de má qualidade. Além de muito mal escrito, o parecer faz afirmações categóricas no espaço de duas linhas, sem detalhar o conteúdo do projeto em apreço para justificá-las. No entanto, a reação dos marxistas ao parecer - especialmente considerando que não foi a avaliação feita sobre a falta de cientificidade do marxismo que motivou a recusa da Capes - denota a hipocrisia típica de intelectuais e militantes marxistas: quando eles não detém o controle de determinada instituição, exigem pluralismo democrático, isenção e se dizem politicamente perseguidos; mas, quando estão no controle, declaram que neutralidade política não existe e, assim, não dão voz ao contraditório. 

sábado, 7 de junho de 2014

Professores usam a ciência como ideologia corporativista

"Desconfio por princípio de todo idealista que lucra com seu ideal".
Millôr Fernandes

O predomínio da teoria social crítica nas ciências sociais brasileiras e na educação se deve, em grande parte, ou até principalmente, à doutrinação teórica e ideológica praticada nos três níveis de ensino. Professores doutrinam por terem sido igualmente doutrinados, e há muitos que fazem isso com boa fé: pensam que as teorias que incutem na cabeça dos alunos são expressões inequívocas da verdade e do bem, de modo que mesmo que achassem necessário ensinar outras perspectivas não saberiam fazer isso sem distorcê-las, já que só conhecem as ideias críticas.