segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Linchadores não são vítimas

A Veja publicou esses dias uma matéria de André Petry sobre o linchamento de Fabiane Maria de Jesus, que foi confundida com um retrato falado, divulgado nas redes sociais, de uma suposta sequestradora de menores que faria rituais de "magia negra"... Depois de esmiuçar a propagação dessa boataria irresponsável nas redes, além de descrever as torturas a que a vítima foi submetida antes de morrer, chega a hora do artigo ensaiar uma explicação para o grave problema dos linchamentos:

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

CQD: Pesquisador "critico" da reforma agrária assume que age como criacionista


Um dos ensaios do livro Não culpe o capitalismo comenta que os autointitulados "pesquisadores militantes" são como os criacionistas: ao invés de tomarem a observação empírica como ponto de partida para explicar os fenômenos sociais, começam com uma explicação pronta e selecionam os conceitos, dados e evidências que possam servir para comprová-la. Bem, num texto recente sobre a política de reforma agrária, Bernardo Mançano Fernandes, que assume explicitamente adotar uma perspectiva teórica anticapitalista, diz o seguinte:
[...] cientistas interpretam as realidades, procuram explicá-las e convencer outros a aplicar esses pensamentos. Para tanto, selecionam um conjunto de referências constituintes, como elementos, componentes, variáveis, recursos, indicadores, dados, informações etc., de acordo com suas perspectivas e suas histórias, definindo politicamente os  resultados que querem demonstrar (Fernandes, 2013, p. 198).

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Vilas Rurais como alternativa ao fracasso da reforma agrária

Acabou de sair um artigo na Revista da Anpege que desafina o coro dos pesquisadores do agro que, movidos por uma mistura de agrarismo ingênuo com marxismo, teimam em acreditar que a reforma agrária é a solução para os problemas sociais no campo brasileiro.

O objeto da pesquisa é o Programa Vilas Rurais, instituído no âmbito do Programa Paraná 12 Meses, um amplo programa de desenvolvimento rural que vigorou entre 1997 e 2006, fruto de uma parceria entre o governo do estado do Paraná e o Banco Mundial. O Vilas Rurais visava combater a pobreza no campo e o êxodo rural mediante a distribuição de pequenos lotes de terra (em média, meio hectare) para famílias pobres que vivem na área rural ou nas periferias de pequenos municípios. Daí porque o principal público alvo do programa eram as famílias de trabalhadores volantes ou "boias frias". O diagnóstico que lhe servia de base é o de que, no contexto do "novo rural", as ocupações rurais não agrícolas e urbanas oferecem oportunidades de geração de renda superiores à agricultura, de modo que a pluriatividade constitui a melhor estratégia de sobrevivência para as famílias rurais (Zafalon, 2015).