quinta-feira, 27 de julho de 2017

Não param com o festival de bobagens sobre o impeachment de Dilma!

Continuo recebendo pelo Whatsapp textos que, embora escritos por acadêmicos, apelam para todo o tipo de simplificação no intuito de convencer as pessoas de que Dilma foi vítima de um "golpe das elites". Um texto que prima pelas simplificações na defesa dessa tese foi escrito pelo economista Róber Iturriet Avila, o qual afirma o seguinte: 
Vargas e Goulart saíram do poder ao tempo em que concediam direitos sociais, sobretudo aos menos favorecidos. Não é novidade que durante os governos do PT, os trabalhadores ampliaram sua renda, o salário mínimo cresceu de maneira contínua e houve uma série de programas sociais. [...] Não surpreende que, mais uma vez, setores da sociedade brasileira se ergam contra tais políticas, ainda que, escamoteadamente, o bordão seja “contra a corrupção” (aqui).
Francamente! A elevação contínua do salário mínimo teve início em 1994, com o Plano Real, e os primeiros programas federais de transferência de renda (hoje unificados no Bolsa Família) foram instituídos em 2001. Também nesse período, especialmente no biênio 1994-95, houve uma expressiva redução da pobreza. Portanto, o autor elogia mudanças que foram encetadas pelos governos tucanos  como se fossem conquistas do PT e, assim fazendo, deixa de responder a uma questão de lógica elementar: por que então esses setores sociais que supostamente não gostam de pobre não aproveitaram os escândalos de corrupção dos anos 1990 para derrubar FHC? Aliás, considerando que o PT ficou no poder por treze anos, por que esses setores não tentaram ou não conseguiram usar o escândalo do mensalão para derrubar Lula?

Depois, ele afirma:
Evidentemente, existem elementos factuais dos governos Lula e Dilma que causaram desconforto e indignação a todos os cidadãos. Contudo, é preciso muita inocência para imaginar que as manifestações contra o governo são incentivadas pelo descontentamento com a corrupção, pela elevação do preço do combustível ou da energia (idem, ibidem).
A única coisa evidente é o esforço de Avila para minimizar a corrupção dos anos petistas e a destruição econômica produzida pelos governos de Dilma Rousseff, isso sim! Afinal, ele escreve como se o petrolão fosse apenas um caso de corrupção como qualquer outro e como se o único efeito negativo da política dilmista fosse o aumento dos preços da energia elétrica e dos combustíveis. Meu Deus, só a Petrobras foi sangrada em uns R$ 21 bilhões em dez anos, segundo estimativas de que seus investimentos recolhiam em média 3% do dinheiro para propinas. E a política econômica petista fez a dívida pública explodir, jogou o país na pior recessão de sua história - dois anos seguidos de forte redução do PIB -, fez aumentar a pobreza e ainda produziu 13 milhões de desempregados! Mesmo assim, Avila escreve como se as ruas tivessem se enchido de milhões de pessoas pedindo o impeachment só por causa de um discurso anti-corrupção!

Truques retóricos e estatísticos

Mais adiante, o texto apresenta alguns gráficos para tentar provar que os governos Vargas, Jango e os do PT foram os melhores da história no que diz respeito à elevação dos salários médios e do salário mínimo, o que provaria haver uma relação de causa e efeito entre elevação salarial e golpes de Estado. Mas o argumento não se sustenta, nem política, nem economicamente.

Em primeiro lugar, ao contrário do que aconteceu nos governos de Vargas e Jango, Dilma foi apeada do cargo por vias rigorosamente constitucionais, sem qualquer uso da força. Afinal, é fora de dúvida que ela cometeu crime de responsabilidade por conta das "pedaladas fiscais". E lembremos que Collor também sofreu impeachment com base no que estabelece a Constituição, certo?  

Em segundo lugar, vemos que os gráficos citados por Avila mostram a variação da média salarial e do salário mínimo medidos em valores absolutos, o que não é adequado para comparar o ritmo de variação em diferentes períodos de tempo. Isso porque, quando se dá um processo prolongado de elevação do valor real de um bem ou serviço, ocorre um efeito cumulativo que faz com que os valores mais recentes, mesmo deflacionados, avancem a saltos cada vez maiores, ainda que a variação proporcional permaneça constante. 

Por exemplo: se o salário mínimo fosse de R$ 1.000,00 no ano de 2017 e crescesse 10% ao ano em termos reais durante três anos, veríamos esse valor subir para R$ 1.100,00 em 2018, para R$ 1.210,00 em 2019 e para R$ 1.331,00 no ano de 2020. Um gráfico com esses números criaria a impressão de que o salário mínimo subiu mais depressa no final do período, já que em 2018 a variação real foi de R$ 100,00 em relação ao ano anterior, ao passo que, em 2020, a variação foi de R$ 121,00. A verdade, porém, é que a velocidade de elevação do salário mínimo permaneceu sempre a mesma: 10% ao ano. 

Isso é válido para qualquer dado econômico, como o salário mínimo, a média salarial, o PIB, as dívidas pública e privada, o lucro líquido das empresas, e assim por diante. Assim, quando se calculam as taxas anuais de variação real do salário mínimo, que é a forma adequada de medir e comparar a variação desse valor em diferentes períodos, constata-se que os governos tucanos e petistas praticamente empataram nesse quesito - e isso desconsiderando os efeitos devastadores da crise criada por Dilma de 2013 em diante, quando os aumentos do salário mínimo tiveram de ser restringidos para evitar que a dívida pública crescesse ainda mais depressa.

Esse fato inconteste repõe a pergunta que Avila se recusou a encarar: por que setores sociais que supostamente não gostam de pobre teriam derrubado Dilma, em cujo governo o salário mínimo cresceu à taxa de 3,5% ao ano, até 2013, mas não fizeram o mesmo com FHC e Lula, governos nos quais o salário mínimo se valorizou a taxas anuais de 4,7% e 5,5%, respectivamente?

Concentração de renda aumentou com o PT

E isso para não comentar que, de 2006 a 2012, a participação dos 5% mais ricos na renda nacional subiu de 40% para 44%. Não bastasse a fragilidade dos argumentos usados por Avila, esse número comprova que nenhum setor social de renda alta teve motivos para reclamar dos governos petistas, que foram mais favoráveis para os ricos do que para a população pobre.

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terça-feira, 20 de junho de 2017

Reportagem da Galileu sobre Paulo Freire é enviesada

A revista Galileu faz proselitismo ideológico disfarçado de divulgação científica - com direito até à divulgação de manipulações estatísticas produzidas pelo governo Dilma. Quando fiquei sabendo que a publicação iria fazer uma matéria sobre Paulo Freire, logo previ que esta seria enviesada. Não deu outra!

A matéria ocupa seis páginas e, embora afirme que o legado de Freire é "defendido por uns e odiado por outros" (sic), não deu praticamente nenhum espaço para as críticas ao método que ele supostamente inventou. Num dado momento, reproduz brevemente a crítica jurídica de Miguel Nagib, coordenador do Escola Sem Partido, de que a aplicação de algumas ideias freirianas "viola a liberdade dos alunos e a neutralidade política e ideológica do Estado" (citado por Souza, 2017, p. 49). Depois, a matéria afirma que, em 2016, o verbete sobre Paulo Freire na Wikipedia foi "alterado com informações incorretas", mas não explica o que haveria de incorreto nas críticas que o texto fez às ideias do autor. Ao invés de discutir as críticas, limitou-se a informar que as edições no verbete foram feitas, segundo a Serpro, "em um órgão público federal cujo nome não pode ser divulgado por questões contratuais" (Souza, 2017, p. 50).

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Qual a diferença entre Joesley Batista e Marcos Valério?

Marcos Valério foi condenado pelo STF a 37 anos de cadeia porque operava o esquema do "mensalão". Joesley e Wesley Batista não vão ser nem sequer processados, muito embora Joesley seja o líder de uma grande "organização criminosa" (Badaró, 2017, p. 56) e tenha confessado crimes envolvendo quantias de dinheiro que deixam o "mensalão" no chinelo.

Ah, mas alguém pode lembrar que o acordo de leniência firmado pela holding J&F, que controla a JBS e é presidida por Joesley, determina o pagamento de R$ 10 bilhões, valor que é o maior já pago em acordos desse tipo. O problema é que esse dinheiro vai ser pago em prestações a perder de vista (25 anos) e corresponde a apenas 5,6% do faturamento obtido pela J&F só no ano de 2016. Os irmãos Batista não vão precisar vender nenhum patrimônio pessoal para pagar o acordo. Não vão diminuir em nada o padrão de vida sultanesco que conquistaram com a corrupção.

quarta-feira, 24 de maio de 2017

A responsabilidade da imprensa e a nossa

Assim que eu vi a Globo noticiar de forma categórica que uma gravação comprovava que Michel Temer ofereceu suborno para calar Eduardo Cunha e que pediu propina para a JBS, acreditei de pronto. Como a minha avaliação de Michel Temer e do PMDB é bastante negativa (ver abaixo), fiquei imediatamente a favor do impeachment. Contudo, os fatos recentes mostraram que:

1. A gravação que compromete Temer não é confiável, pois há cerca de 50 cortes nela, segundo os especialistas. Além disso, o nome do arquivo foi alterado, o que impossibilita saber em qual aparelho de gravação aquele arquivo foi gerado. Logo, não há como dizer se os cortes são falhas do aparelho ou produto de uma montagem fraudulenta. Considerando que o autor da gravação é um criminoso confesso (Joesley) a gravação acaba sendo tão suspeita quanto uma nota de R$ 3,00.

terça-feira, 9 de maio de 2017

Sistema previdenciário atual me privilegia, mas quero a reforma. Por que a maioria da população é contra?

Pesquisa Datafolha mostra que 71% das pessoas são contra a reforma da previdência e que, entre os funcionários públicos, a rejeição chega a 83%. É, estou entre os 17% desse grupo que são a favor... sou sempre minoria. 

Mas, a esta altura do campeonato, já deveria estar mais do que evidente a necessidade da reforma! De 2001 a 2015, o déficit financeiro acumulado pelo INSS foi de R$ 400 bilhões e o do sistema de aposentadoria do setor público alcançou impressionantes R$ 1,3 trilhões. Observando-se a evolução do déficit ano a ano, vê-se que a deterioração das contas da seguridade social vem se dando cada vez mais depressa, sobretudo com a crise iniciada em 2013. Só em 2016, o déficit do orçamento da seguridade social chegou a R$ 257 bilhões (Cf.: 7 coisas que você precisa saber sobre a reforma da previdência).

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Reforma trabalhista: sindicatos e políticos podiam fazer greve de contar mentiras

Recebo muita mensagem com conteúdo mentiroso pelo WhatsApp, mas uma que recebi estes dias convocando para a greve de hoje prima pelo descaramento! Como se trata de um "textão", não vou comentar todos os 13 itens em que está dividido, mas apenas chamar atenção para algumas mentiras muito flagrantes.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Temer: impopularidade merecida, ainda que pelos motivos errados

Reinaldo Azevedo escreveu um texto sobre as pesquisas que mostram a péssima avaliação que os eleitores fazem da gestão Michel Temer. Concordo com algumas coisas, mas discordo de outras. Concordo que o governo Temer é muito melhor do que o de Dilma e que ele já fez mudanças importantes e positivas cujos frutos vamos colher adiante, como a lei do teto de gastos, a reforma do ensino médio e a lei das terceirizações. Mas é falso dizer que Temer não tem nenhuma responsabilidade na crise econômica atual e que representa uma força modernizadora.

Ora, se José Alencar, mesmo sendo vice de Lula, vivia a reclamar dos juros altos, bem que Michel Temer poderia ter usado seu cargo de vice para reclamar da gastança de Dilma. Nunca fez isso. E quem cala consente! Tanto que ele até ajudou Dilma a se reeleger, confirmando assim sua aposta na presidente cujas cretinices nos levaram para o buraco.

sexta-feira, 31 de março de 2017

Agora vou debater também no Facebook. Paciência...

Há muito tempo as pessoas que conheço e/ou que acompanham meu blog me sugeriam entrar no Facebook. Mas sempre resisti a essa ideia porque o Facebook gera um fluxo de informação constante, de modo que as pessoas tendem a perder muito tempo com isso. Resolvi entrar agora porque ando sofrendo ataques nas redes sociais, e o blog não é adequado para ficar respondendo toda hora a sei lá quantos comentários que me citam negativamente.

Mais especificamente, estou me referindo aos comentários que a professora Mônica Ribeiro da Silva, da UFPR, vem fazendo sobre mim nessa rede. A história é simples e curta: participei de um debate com essa professora recentemente e, depois, apresentei minhas críticas às ideias dela aqui no blog (Cf.: Professora da UFPR defende ensino doutrinador, mas diz que doutrinação não existe).

Bom, se os comentários dela ao meu post fossem argumentativos, eu responderia publicando outro post no blog mesmo, e ponto final na história. O problema é que, em vez de apresentar uma argumentação, ela afirma que eu é que não tenho argumentos e me acusa de estar fazendo uma "campanha" (sic) de desqualificação pessoal e profissional contra ela! E ainda mente dizendo que eu faço perseguição contra "alunos" (sic), principalmente "aqueles" que participaram das invasões do ano passado!

Diante disso, achei melhor manter o blog reservado para publicar o mesmo tipo de texto que eu publico sempre e responder a ela no próprio ambiente com o qual ela parece estar mais à vontade, ambiente esse que, no Brasil e no mundo, tem se mostrado ideal para a propagação da mentira e da desinformação.

Quem quiser ler o que a professora escreveu sobre mim e a resposta que dei, é só clicar aqui.

terça-feira, 14 de março de 2017

Professora da UFPR defende ensino doutrinador, mas diz que doutrinação não existe

Na última sexta, aconteceu no Departamento de Geografia da UFPR um "debate-ação" (sic) com o tema A reforma do ensino médio na Geografia: enfrentando a desinformação e o descaso. Como é de praxe nos eventos de Geografia, os três debatedores convidados tinham as mesmas opiniões sobre o tema, informadas por teorias e ideologias de esquerda radicais. Então, só houve debate durante a sessão de perguntas que se seguiu às exposições porque eu participei do evento, visto que, a julgar pelas perguntas não dirigidas a mim, ninguém discordou de nada!


quinta-feira, 9 de março de 2017

Doutrinação: a escola serve para ensinar quais leis são "boas" e quais não são?

Quem pesquisa no Google a expressão "escola sem partido" vê logo de cara um link que é anúncio pago, possivelmente, por sindicatos de professores. Afinal de contas, o link remete a um texto totalmente contrário ao Projeto de Lei apelidado de "Escola Sem Partido". De outro lado, não há nenhum anúncio pago no Google para dar destaque aos textos favoráveis a esse PL ou, pelo menos, ao diagnóstico de que o problema da doutrinação no ensino existe, é grave e precisa ser enfrentado. Ainda assim, os sindicatos de professores sempre gostam de posar de vítimas do poder econômico...

Ironias à parte, o fato é que o artigo de Caio Zinet apresenta as refutações de especialistas em educação contra o site Escola Sem Partido e o PL citado. Neste post, vou tratar da primeira refutação, que é a seguinte:
Para o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito a Educação, Daniel Cara, a neutralidade absoluta é impossível de ser atingida. "Não é possível (ser neutro) porque qualquer tema que se aborde leva um juízo de valor do professor, o que é importante. O que ele não pode fazer é limitar a aula a seu juízo de valor. Determinar a neutralidade política numa lei é um equivoco absoluto", afirmou (Zinet, 2016).

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Supremo fez bem em determinar indenização de presidiários

Já escrevi um tanto contra esses intelectuais e jornalistas de esquerda que pensam no criminoso como uma vítima do capitalismo que deve ser poupada da cadeia tanto quanto possível. Mas isso não quer dizer que eu concordo com essa direita primitiva brasileira, que defende execução de criminosos e até se regozija em saber que nossos presídios são insalubres como calabouços e lugar de sevícias e torturas.

Mas não vou gastar tempo explicando a essa direita questões elementares de valor e de cidadania. Vou apenas explicar que a decisão do STF de indenizar os presos em condições degradantes foi a melhor dentre as alternativas possíveis, que eram três:

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Doutrinação: professor Luan Pablo Rosa usa argumentos desonestos ao tratar do tema

O professor Luan Pablo Rosa fala grosso e se faz de defensor intransigente da liberdade de ensinar quando quer atacar o Projeto de Lei "Escola Sem Partido", mas fica mansinho e se posiciona de forma ambígua e contraditória quando se trata dos piqueteiros da UFPR, universidade em que ele estuda. É uma clara demonstração de hipocrisia. Não bastasse isso, seus argumentos contra a minha fala na audiência pública da Câmara que tratou do PL citado são intelectualmente desonestos.

Para quem ainda não sabe, esse Projeto de Lei nasceu da preocupação de informar aos estudantes que o professor não tem o direito de se aproveitar de uma plateia cativa, que são seus alunos, para induzi-los a ter as mesmas ideias políticas do professor. Daí a proposta de elaborar uma lista de Deveres do Professor relacionados ao respeito pela liberdade de aprender dos estudantes. Ao participar da última audiência pública da Câmara que discutiu o tema, fiz uma exposição com o objetivo de demonstrar que o problema da doutrinação existe e é muito sério.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Professor Luan Pablo Rosa faz ataque hipócrita ao Escola Sem Partido

Participei recentemente de mais uma audiência na Câmara dos Deputados para debater o Projeto de Lei apelidado de "Escola Sem Partido". Um professor que também é aluno de Geografia da UFPR fez uma postagem no Grupo Geografia UFPR, do Facebook, com o seguinte ataque ao projeto:
EU EDUCADOR/PROFESSOR NÃO ACEITO SER AMORDAÇADO, assim cerceado do direito livre e constitucional da prática docente, imposta nesta PL como uma clara restrição arbitrária da liberdade de ensinar que apenas prejudica os alunos, limitando o debate sobre a educação escolar nos aspectos relacionados à educação sexual, moral e religiosa.
Quanta indignação! Quanta coragem na defesa da liberdade de ensinar! Quem lê esse texto jamais imaginaria que o professor Luan é bastante indulgente quando se trata de piquetes na universidade, ou seja, que ele não vê nenhum problema sério no fato de uns poucos baderneiros impedirem certos professores de exercer a liberdade de ensinar (e em prejuízo daquela maioria de alunos que não aderiu à paralisação estudantil) por meio de intimidação física!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Mais da metade dos "grevistas" reprovou por não ter entregue os trabalhos!

Os cerca de 50 alunos da minha disciplina que não aderiram à paralisação estudantil do final de 2016 fizeram as provas (dentro das condições possíveis, tendo em vista os piquetes) e praticamente todos foram aprovados. No caso dos 15 pseudo-grevistas que solicitaram reposição de aulas, também era bem fácil passar. Conforme o plano de reposição aprovado no Colegiado de Curso de Graduação, bastaria entregarem cinco resenhas de cinco textos com temas pertinentes ao conteúdo ministrado no semestre. Ou seja, tiveram quase o mês de janeiro todo livre para fazer 5 trabalhinhos fáceis e que não demandavam mais do que umas poucas horas de esforço cada um. Mesmo assim, dos 15 "grevistas", 8 não entregaram nem uma resenha sequer!

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Revista Galileu faz péssimo dossiê sobre a crise nos presídios

A revista Galileu já foi boa; hoje, é um lixo. Uma demonstração disso é o "Dossiê Prisões" (Tanji, 2016), matéria do mês passado que nada tem de divulgação científica e que, ainda por cima, reproduz informações estatísticas falseadoras e dogmas ideológicos disfarçados de ciência. 

Com efeito, a ideia central do dossiê é que o problema prisional brasileiro se deve ao suposto fato de que o Estado não investe o suficiente em programas sociais e pratica uma política intensiva de encarceramento de pessoas, combinação essa que só levaria a mais violência e injustiça. Mas tal conclusão, que é um dos dogmas sagrados da esquerda, está errada por muitas razões. Vejamos três delas:

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

A "geografia cidadã", nova moda no ensino de geografia, nasceu da geocrítica

Acabei de responder a uma pequena entrevista por e-mail com uma aluna de geografia que está elaborando uma monografia sobre a chamada "geografia cidadã". Uma das questões era sobre o possível conteúdo doutrinador dessa nova proposta de ensino de geografia. Minha resposta é que, de fato, a geografia cidadã reproduz as práticas doutrinadoras próprias da geografia crítica escolar, podendo até ser considerada uma reedição desta última com um rótulo diferente.

De fato, uma característica da geografia crítica escolar é reciclar velhas ideias com novos rótulos, conforme eu comento no livro Por uma crítica da geografia crítica (Diniz Filho, 2013, Localização 177). No caso em questão, vemos que as ideias que dão base à geografia cidadã começaram a ser elaboradas há mais de vinte anos por geógrafos cuja visão de geografia e de ensino são totalmente definidas pela geocrítica.